247 – Em uma entrevista esclarecedora ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, a filósofa Marcia Tiburi expôs um paradoxo que desafia a lógica interna do bolsonarismo: “Como ser um cidadão de bem e apoiar um ladrão de joias?”. As declarações de Tiburi abordam as contradições morais e éticas que emergiram com as recentes investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Marcia Tiburi, o bolsonarismo enfrenta um dilema profundo com os escândalos envolvendo Bolsonaro. “O ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou um bandido muito mequetrefe, com o escândalo do roubo das joias,” afirmou a filósofa. “Os bolsonaristas vão defender um bandido que foi ao fundo do poço da bandidagem?”
A filósofa destacou que o moralismo do bolsonarismo, que sempre se apresentou como defensor da ética e dos bons costumes, está em crise. “O moralismo morreu, mas a crença delirante não acaba”, disse ela. “Existe o bolsonarista que não se importa se Bolsonaro é bandido, porque ele também é capaz de ser bandido, mas também tem aquele que não se importa com isso. Ele gosta de Bolsonaro, porque sendo bandido ou não, permite direcionar seu próprio ódio.” Ela ainda ressaltou a união dos bolsonaristas através do ódio. “São pessoas que odeiam juntas – e permanecem unidas no ódio,” observou Tiburi. “O autoritário não vai entender nada, porque não consegue entender ou não quer entender.”
Os crimes de Jair Bolsonaro
Sobre as investigações em curso, a situação de Jair Bolsonaro se complica com os avanços das apurações da Polícia Federal (PF). Além do relatório que detalha o roubo e venda ilegal de joias, há progressos significativos no inquérito sobre fraude nos cartões de vacina. Em março, Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações. A investigação revelou que os comprovantes de vacinação no aplicativo ConecteSUS foram emitidos a partir de IPs de computadores do Palácio do Planalto.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou novas diligências para investigar a suposta participação de Bolsonaro em um esquema de falsificação de registros de vacinação contra a Covid-19. A PGR também buscou esclarecimentos sobre o uso desses cartões falsos nos Estados Unidos, com um pedido de informações encaminhado ao governo americano. Caso confirmado, Bolsonaro poderia ser indiciado por uso de documento falso. “As provas são contundentes,” enfatizou Tiburi. “Bolsonaro vai acabar sendo preso, porque não dá pra deixar a coisa correr solta. Ele foi longe demais.”
Tiburi finalizou sua análise ressaltando a necessidade de ações concretas para enfrentar o legado do bolsonarismo. “O governo precisa fazer algo para a desnazificação da sociedade brasileira,” concluiu. As palavras da filósofa refletem uma urgência em lidar com as consequências políticas e sociais deixadas pelo governo Bolsonaro, destacando a importância de enfrentar o extremismo e a corrupção com firmeza e clareza moral.