Por Carlos Brandão
Quando fui eleito deputado federal, em 2006, obtive uma votação muito expressiva. Os 134.643 votos que recebi superaram minhas expectativas, já que disputava uma eleição pela primeira vez. Decidi concorrer à Câmara Federal pela vontade e pela disposição de colocar minha experiência em favor do nosso estado. Já havia ocupado diversos cargos: como assessor especial da Secretaria de Estado da Agricultura. Assumi também o cargo de secretário adjunto de Estado de Meio Ambiente e a chefia de gabinete do vice-governador. Seguidos das funções de secretário-chefe do gabinete do governador, de secretário de Estado de Articulação Política e de secretário-chefe da Casa Civil. A essa altura, conhecia muito a estrutura de Governo, assim como todas as regiões do nosso Maranhão; suas demandas e, principalmente, sua gente.
Ter sido votado em 213 dos 217 municípios maranhenses me deu ainda mais responsabilidade para exercer um mandato voltado, essencialmente, para as cidades. Toda a campanha em si foi uma experiência incrível e renovadora. Com muita vontade e a consciência de que, para ser escolhido, deveria ir até onde estavam as pessoas, percorri grande parte do Maranhão levando o nome Brandão, minhas ideias e conversando com o eleitor.
Rotineiramente, não saía de uma cidade logo que cumprisse uma agenda. Costumava andar, discutir sobre soluções e, principalmente, conhecer a realidade de cada cidadã e de cada cidadão. Tomava um cafezinho passado na hora; sentava embaixo de árvores para um bate-papo descontraído; enfrentava longas estradas de terra para chegar a povoados mais isolados.
Muitas vezes viajava à noite, buscando ganhar tempo. Tudo desse ambiente me impulsionava. Estar em contato direto com “seu João” e com “dona Maria”, em suas casas, ampliou minha visão como ser humano. Aprendi que essa proximidade cria laços de identificação e fortalece a unidade de interesses e a própria democracia. Reforcei a visão de que fazer política nunca deve ser algo pensado individualmente.
A política não é feita para si. Exercemos cargos públicos em nome do interesse público; em favor de uma multiplicidade de ações que, ao final, buscam o bem-estar comum.
De longe já trazia esse sentimento. Desde a época de criança, em Colinas, quando via meu pai trabalhar na política de forma plural e popular. A conquista do primeiro mandato veio sem muitos recursos, mas com muita vontade de acertar, de me colocar à disposição de um ideal.
Hoje, estou vice-governador, mantendo a mesma chama acessa. Até por perceber, no governador Flávio Dino, essa mesma visão. A condução do Governo demonstra. O resgate da dignidade se tornou prioridade e obras foram descentralizadas. Temos investimentos em todas as cidades. E alguns improváveis até pouco tempo. Só no programa Escola Digna são mais de 1.300 equipamentos educacionais, entre construções e reformas. Vamos ultrapassar os cinquenta Restaurantes Populares por todo o estado, quando tínhamos apenas seis em São Luís.
Se havia único hospital macrorregional, hoje são dez, emdiversas regiões. Quando assumimos, em 2015, eram apenas cinco escritórios do Viva/Procon. Hoje, chegamos a 55 unidades e postos de atendimento em todo o estado. Temos um Maranhão muito mais próximo, em igualdade de direitos, do que tínhamos antes.
Certamente ainda devemos remar mais para chegarmos perto do que queremos. O resultado do trabalho feito até aqui, me faz pensar o quanto foi importante aquela minha primeira campanha. Aquelas viagens e o diálogo direto com quem precisava ser visto.
O mundo mudou bastante de 2006 até aqui. Novas tecnologias trouxeram novas perspectivas. Também tenho muito mais experiência em gestão e compreensão de como resolver os problemas que encontramos. Mas é aquele fascínio; aquela energia em caminhar e em ouvir; aquela força de querer desbravar, que continuam intactas e me fazem querer seguir em frente.
*Carlos Brandão é vice-governador do Maranhão