A pesquisa da bióloga, com especialidade em ornitologia, Profa. Dra. Flor Maria, com cerca de 43 espécies de aves costeiras e marinhas, que migram para o Maranhão nos meses de agosto e setembro, vindas da América do Norte, pode impactar de forma positiva no meio ambiente nas regiões do Porto do Itaqui, Praia do Cajueiro, Bahia de São Marcos e na Praia Raposa, onde o estudo está acontecendo.
O estudo, que teve início em janeiro de 2023 e previsão para ser concluído em dezembro de 2024, visa coletar informações sobre a diversidade das espécies e tamanho das populações (número de indivíduos) nos sítios de invernada e do tempo de permanência na Ilha.
De acordo com a pesquisadora, o Maranhão é reconhecido como uma das áreas mais importantes da Costa Norte da América do Sul, como sítio de invernada para as aves limícolas e marinhas migratórias neárticas. Segundo ela, são milhares de aves que chegam na Ilha para se alimentar e descansar, como é o caso do Maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla), Batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus), Trinta-reis-grande (Phaetusa simplex), da Gaivota-de-capuz-escuro (Chroicocephalus cirrocephalus) entre outras espécies.
Ela explica que essas aves saem dos seus sítios de reprodução, na América do Norte, entre os Estados Unidos e o Alasca, durante o inverno, para regiões com temperaturas mais amenas e abundantes de recursos alimentares. “Os espaços escolhidos são extremamente importantes para a sobrevivência e conservação das populações desses migrantes neárticos, uma vez que passam a maior parte do ano nesses sítios, alimentando-se para a construção de músculos, acúmulo de gordura e troca de plumagens, assim como aguardando os ventos propícios para retornarem aos seus locais de reprodução”, disse a professora.
A pesquisadora adianta que as espécies registradas estão sendo categorizadas sob o status de conservação e avaliadas quanto ao grau de ameaças de extinção a nível nacional e internacional. “Nossos dados darão subsídio à gestão ambiental, através do conhecimento das espécies que ocorrem na área, das localidades de ocorrência, dos períodos de presença e ausência e dinâmica temporal, além de informações de observações em campo sobre comportamento, alimentação e reprodução”, esclarece.
Em sua pesquisa, a Dra. Flor Maria, apurou, com base nas informações de presença e abundância das espécies de aves migratórias de longa distância, ameaçadas de extinção, que são de interesse internacional, como é o caso de maçarico-rasteirinho (C. pusilla) e maçarico-de-papo-vermelho (C. canutus rufa) de quem os dados coletados ajudam reforçar a importância da área de estudos como sítio de parada e invernada a nível nacional e internacional. Ampliam, ainda, o conhecimento sobre a ecologia e distribuição das espécies, subsidiando ações para a conservação das aves limícolas, estabelecidas no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves Limícolas Migratórias e, também, estratégias de conservação internacionais.
A professora ressalta que os resultados apresentados até o momento são parciais e compreendem somente 10 meses dentro do ciclo anual das aves migratórias (março a dezembro). A pesquisa traz dados atualizados quanto à presença, ocorrência e dinâmica populacional das aves limícolas em uma importante área na zona costeira maranhense. E conclui: “Trazemos informações inéditas sobre a ocorrência e abundância das costeiras palustres, e, para a família dos Larídeos, que são frequentes como espécies ameaçadas, migratórias ou parcialmente migratórias, que também visitam a nossa região”.
Espécies de aves encontradas e catalogadas
Quanto às espécies costeiras limícolas foram contabilizados 52.004, em 10 campanhas mensais, sendo o maçarico-rasteirinho, a espécie mais abundante, com 25.422 indivíduos; seguida pela batuira-de-coleira 4.339; o maçarico-de-asa-branca 1.056; o maçarico-de-bico-torto 858; e o vira-pedras 202.
As espécies menos abundantes registradas foram o maçarico–branco, com 13 indivíduos, o maçarico-de-perna-amarela e a batuira-bicuda, com apenas 01 indivíduo, cada. As demais espécies de aves costeiras (separadamente das limícolas) no trabalho, será dado enfoque àquelas que são dependentes de ambientes úmidos, podendo ser classificadas como palustres ou rupícolas.
Por Alcindo Barros
Fotos da Pesquisadora
Fonte: https://www.uema.br/
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