247 – O publicitário Beto Viana afirmou ter sido contratado pelo site bolsonarista Foco do Brasil para fazer uma pergunta dirigida a Jair Bolsonaro (PL) de maneira que ele pudesse criticar a TV Globo e o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta durante o início da da pandemia de Covid-19. De acordo com a Folha de S. Paulo, Viana admite ter sido pago para, no dia 13 de abril de 2020, questionar se o atual ocupante do Palácio do Planalto teria assistido à entrevista de Mandetta ao programa Fantástico, exibida no dia dia anterior: “Eu não assisto a Globo”, disse Bolsonaro na ocasião. Mandetta foi demitido três dias após o vídeo com a resposta viralizar nas redes sociais.
De acordo com a reportagem, Viana diz que foi indicado para ocupar uma vaga no “cercadinho” destinado aos apoiadores de Bolsonaro “por uma pessoa de nome Anderson, do Foco do Brasil, canal bolsonarista criado por Anderson Azevedo Rossi, com 2,9 milhões de inscritos no Youtube”.
“Mensagens de WhatsApp armazenadas no telefone de Viana mostram que, às 8h26 daquele dia, o contato de nome “Anderson Foco do Brasil” mandou mensagens com o texto literal do questionamento e, posteriormente, orientou-o a sempre se fingir de apoiador e buscar não levantar suspeitas de outros repórteres que fazem a cobertura jornalística no local”, destaca o periódico.
No dia 13, após fazer a pergunta, o fotógrafo recebeu R$ 1.100 da conta da “Folha do Brasil Negócios Digitais”, antigo nome do Foco do Brasil. Ainda segundo Viana, a informação era de que o valor seria um adiantamento de um salário mensal, da ordem de R$ 2.000.
Uma outra mensagem aponta que Viana recebeu a promessa de receber uma ajuda mensal de R$ 500 para o aluguel de uma moradia na Vila Planalto, situada nas proximidades do Palácio da Alvorada.
Diante da repercussão do vídeo, ele acabou sendo encaminhado para fazer imagens de manifestações bolsonaristas na Esplanada dos Ministérios. Cerca de um mês depois, foi dispensado da função.
Menos de três meses após o vídeo viralizar, os endereços do site Foco do Brasil foram alvos de mandados de busca e apreensão, em uma operação da Polícia Federal, deflagrada em julho de 2020, no âmbito do inquérito que apura a realização de atos antidemocráticos organizados por bolsonaristas.
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