Nesta quarta-feira (26) o governo do estado de São Paulo confirmou que a variante indiana da Covid-19 (B.1.617) foi identificada em um passageiro de 32 anos que chegava da Índia e desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos no dia 22 de maio.
O passageiro, que mora em Campos dos Goytacazes (RJ), foi identificado pelo monitoramento do aeroporto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Porém, o governo paulista afirma que só foi notificado pela Anvisa quando o passageiro já havia embarcado em voo doméstico para o Rio de Janeiro.
Em nota, a Anvisa alega que “o viajante resolveu fazer um teste para Covid-19 em um laboratório privado localizado no aeroporto de Guarulhos e recebeu o resultado positivo para a doença quando já estava no Rio de Janeiro. A Anvisa foi informada do resultado positivo pelo laboratório privado, seguindo o fluxo de informações existentes para casos positivos e informou as autoridades competentes para que monitorassem o viajante, o que é previsto no plano de contingência”.
Segundo a instituição, não é exigido testes para embarques nacionais e “não é competência da Anvisa o monitoramento de pessoas em trânsito entre estados e municípios”, diz a nota.
Os outros passageiros do voo, além de todos os funcionários do aeroporto e laboratório estão sendo isolados e monitorados. As equipes de vigilância epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo estão notificando os municípios de residência de todos os passageiros vindos da Índia que desembarcam no Brasil.
Durante coletiva de imprensa do governo de São Paulo que aconteceu nesta terça (26) o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirma que a pasta vem acompanhando e realizando tratativas com a Anvisa e os municípios que detenham portos e aeroportos para conter a variante indiana que chega ao país por meio desses locais.
“Dessa maneira, notificamos a Anvisa nesta terça-feira (25), algumas questões que são extremamente importantes para o estado, a importância da realização e identificação rápida dos pacientes sintomáticos, mesmo que sintomáticos leves. Essa busca, que nós chamamos busca ativa, já ocorre dentro das aeronaves por apoio das empresas aéreas. Esses indivíduos [funcionários], portanto, são encorajados de imediato ao saírem de suas aeronaves a realizar a testagem em ambiente afastado e isolado, para que ele sequer esteja entrando em contato com outros passageiros nas áreas comuns do aeroporto.”
Variante indiana no Brasil
Além do caso confirmado em São Paulo da variante indiana da Covid-19, outros seis passageiros que vieram da Malásia e chegaram ao Maranhão, no dia 14 de maio, a bordo do navio MV Shandong da Zhi também estão infectados. Com exceção de um enfermo que teve piora no quadro e precisou ser internado em um hospital particular em São Luís (MA), os demais permanecem isolados, juntos aos demais tripulantes do navio, que está atracado a cerca de 35 quilômetros do litoral maranhense.
Há ainda outros três casos suspeitos da cepa indiana no Pará, Ceará e no Distrito Federal. Em entrevista coletiva no último sábado (22), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, expressou preocupação com a cepa que teve origem na Índia. “A variante indiana é algo que tem nos causado preocupação. O nosso receio é que esse tipo de variante passe a ter uma transmissão comunitária.”
Segundo o infectologista Bergmann Morais Ribeiro, ainda não existem estudos que comprovem que a variante indiana seja mais agressiva ou letal do que outras cepas do novo coronavírus. No entanto, há evidências de que ela seja mais transmissível.
“A diferença da variante indiana para as outras que já circulam, é que ela tem um conjunto de modificações genéticas específicas. Essas mutações estão, principalmente, naquela proteína espícula, que o vírus usa para entrar na célula. E quando essa mutação ocorre, dependendo do lugar, o vírus entra mais rápido. Daí essa característica de se espalhar mais facilmente”, explica.
O virologista destaca que a ampliação da vacinação é essencial para impedir uma nova escalada no número de casos, consequência de variantes que, até então, estavam fora do Brasil. “A boa notícia é que imunizantes já utilizados no Programa Nacional de Imunizações (PNI) parecem eficientes na defesa contra a cepa. Saiu um estudo mostrando que as vacinas da AstraZeneca e da Pfizer são efetivas contra essa variante indiana.”
A variante indiana (B.1.617) possui três versões com pequenas diferenças (B.1.617.1, B.1.617.2 e B.1.617.3). As três versões apresentam mutações importantes nos genes que codificam a espícula, a proteína que fica na superfície do vírus e é responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção.
Ampliação de medidas para contenção de novas variantes
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai discutir com o Ministério da Saúde a elaboração de recomendações para mudanças na Portaria 653/2021, que dispõe sobre a restrição excepcional e temporária de entrada no país de estrangeiros, visando a ampliação das medidas para redução da circulação de novas variantes do coronavírus.
Dentre os temas discutidos está a definição exata do local em que se realizará a quarentena das pessoas sujeitas à medida (caso dos brasileiros com histórico de viagem à Índia nos últimos 14 dias) e dos encaminhamentos a serem adotados em relação aos casos suspeitos identificados pela Agência nos desembarques em aeroportos do Brasil.
Pelas regras atuais, nos termos da Portaria 653/21, a partir de recomendação técnica da Anvisa, estrangeiros e brasileiros com destino ao Brasil devem apresentar à empresa aérea, no momento do embarque, o resultado de um teste de RT PCR negativo realizado nas últimas 72 horas e comprovante de preenchimento eletrônico da Declaração de Saúde do Viajante (DSV).
Os estados e municípios também poderão aplicar medidas sanitárias adicionais em ambientes nos quais a Anvisa não possui competência legal de atuação, como rodoviárias e rodovias.
Após reunião com o secretário de Saúde municipal de São Paulo, Edson Aparecido, e o prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, traçou as primeiras estratégias que envolvem um protocolo sanitário mais rígido para evitar a disseminação da cepa indiana no Brasil. Desde então, pessoas que tiverem como origem o estado do Maranhão e passarem pelo Terminal Rodoviário do Tietê e as rodovias federais Fernão Dias e Dutra, serão monitoradas. A ação vai contar com o apoio da Polícia Rodoviária Federal.
Por enquanto, aeroportos e rodovias federais no Maranhão continuarão funcionando, mas haverá maior vigilância e testagem nestes locais.
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